sábado, 12 de junho de 2010

A televisão e a criança (Parte 3)

Com a chegada das emissoras a cabo, o segmento de mercado de programas infantis volta-se praticamente para assinantes desse serviço. Surgem: Cartoon Network, Discovery Kids, Jetix, Boomerang, Disney Channel, entre outras, voltadas exclusivamente para o público infantil, com programas oriundos de diferentes países. A programação apresentada segue uma regra de mercado padronizada que se estabelece na inserção de espaços comerciais, que por sua vez interrompem um programa para a veiculação de produtos de todos os géneros e modelos. Através de elementos visuais e auditivos, sempre presentes nos programas infantis, oferecem produtos e serviços para as crianças, muitas vezes até com mensagens de carácter subliminar.


Steinberg e Kincheloe (2004, p.24-25) comentam que:
As corporações que fazem propaganda de toda a parafernália para as crianças consumirem, promovem uma ‘teologia de consumo’ que efectivamente promete redenção e felicidade através do ato de consumo (ritual). Do mesmo modo, propaganda e produção de prazer permitem que se estabeleça uma linha directa com o imaginário das nossas crianças - uma fuga imaginária que as crianças usam para definir sua visão da América.

As crianças, na maioria das vezes, são tratadas como robôs para reproduzir e consumir. Essa percepção vem a partir de uma pesquisa realizada pelo Centro Internacional de Referência em Médias para Crianças e Adolescentes - Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação (RIO MIDIA, 24/05/2005), afirmando que em uma semana de programação infantil, três emissoras de sinal aberto do Brasil exibiram 447 comerciais, o equivalente a três horas da programação oferecida.

Os produtos mais anunciados foram brinquedos, remédios de emagrecimento, jogos de aposta, CDs de música, mensagens via telemóvel, cereais e comidas fast-food. Este estudo traçou uma análise dos intervalos das emissoras que apresentavam pela manhã programas voltados para o público infantil no período foi de 31 de Julho a 04 de Agosto de 2006.

Robôs que falam, raios laser, naves espaciais, a capacidade de voar, de se transformar, a magia, enfim, todos esses elementos são argumentos normalmente utilizados pelos produtores de conteúdo (através da técnica de gravação, edição e os softwares disponíveis no mercado) para ganhar a audiência infantil, sem a preocupação com uma didáctica aplicada às crianças.
 
Adaptado de: rua

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