sábado, 19 de junho de 2010

A televisão e a criança (Conclusão)

Em “A Galáxia de Gutenberg”, Marshall Mcluhan escreve que a “linearidade da tipografia condicionou a visão do mundo do homem e mais: a palavra impressa produziu a ruptura entre a cabeça e o coração. A nova interdependência electrónica recria o mundo à imagem de uma aldeia global”. (BULLIK, 2002, p.27)


De acordo com Vannuchi, Lobato e Moraes (2003, p.52-57), uma criança passa mais de três horas por dia diante da tela da televisão (pesquisa apresentada na matéria “O que a exposição à violência provoca nos pequenos e como lidar com isso”).

Estudos divulgados em Outubro de 2005 pela empresa Eurodata TV Worldwide, em países como: Brasil, Estados Unidos, Indonésia, Itália, África do Sul, Espanha, Reino Unido, França e Alemanha, a televisão continua sendo uma fonte essencial de entretenimento para as crianças, mas o tempo que cada uma passa diante dela varia de um país para o outro. (IBOPE, 17/04/2007)
 
Adaptado de: rua

sábado, 12 de junho de 2010

A televisão e a criança (Parte 3)

Com a chegada das emissoras a cabo, o segmento de mercado de programas infantis volta-se praticamente para assinantes desse serviço. Surgem: Cartoon Network, Discovery Kids, Jetix, Boomerang, Disney Channel, entre outras, voltadas exclusivamente para o público infantil, com programas oriundos de diferentes países. A programação apresentada segue uma regra de mercado padronizada que se estabelece na inserção de espaços comerciais, que por sua vez interrompem um programa para a veiculação de produtos de todos os géneros e modelos. Através de elementos visuais e auditivos, sempre presentes nos programas infantis, oferecem produtos e serviços para as crianças, muitas vezes até com mensagens de carácter subliminar.


Steinberg e Kincheloe (2004, p.24-25) comentam que:
As corporações que fazem propaganda de toda a parafernália para as crianças consumirem, promovem uma ‘teologia de consumo’ que efectivamente promete redenção e felicidade através do ato de consumo (ritual). Do mesmo modo, propaganda e produção de prazer permitem que se estabeleça uma linha directa com o imaginário das nossas crianças - uma fuga imaginária que as crianças usam para definir sua visão da América.

As crianças, na maioria das vezes, são tratadas como robôs para reproduzir e consumir. Essa percepção vem a partir de uma pesquisa realizada pelo Centro Internacional de Referência em Médias para Crianças e Adolescentes - Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Educação (RIO MIDIA, 24/05/2005), afirmando que em uma semana de programação infantil, três emissoras de sinal aberto do Brasil exibiram 447 comerciais, o equivalente a três horas da programação oferecida.

Os produtos mais anunciados foram brinquedos, remédios de emagrecimento, jogos de aposta, CDs de música, mensagens via telemóvel, cereais e comidas fast-food. Este estudo traçou uma análise dos intervalos das emissoras que apresentavam pela manhã programas voltados para o público infantil no período foi de 31 de Julho a 04 de Agosto de 2006.

Robôs que falam, raios laser, naves espaciais, a capacidade de voar, de se transformar, a magia, enfim, todos esses elementos são argumentos normalmente utilizados pelos produtores de conteúdo (através da técnica de gravação, edição e os softwares disponíveis no mercado) para ganhar a audiência infantil, sem a preocupação com uma didáctica aplicada às crianças.
 
Adaptado de: rua

domingo, 6 de junho de 2010

A televisão e a criança (Parte 2)

De acordo com Postman (2006), toda pessoa instruída conhece as invasões dos bárbaros do Norte, o colapso do Império Romano, o desaparecimento da cultura clássica e a imersão da Europa na chamada Idade das Trevas e depois Idade Média. Nos compêndios escolares essa transformação é razoavelmente coberta, excepto em quatro pontos que são geralmente desprezados e que são especialmente relevantes para a história da infância: o primeiro é a capacidade de ler e escrever que desaparece; o segundo é que desaparece a educação; o terceiro é que desaparece a vergonha; e o quarto ponto, como consequência dos outros três, é que desaparece a infância.


As mudanças na tecnologia da comunicação provocam três tipos de efeitos, como comenta Innis (apud POSTMAN, 2006, p.37): “[...] altera a estrutura dos interesses (as coisas que pensamos), o carácter dos símbolos (as coisas com que pensamos) e a natureza da comunidade (a área em que os pensamentos se desenvolvem)”. Esses efeitos aparecem nas emissoras de televisão, através da elaboração da programação, inclusive programas infantis. Os produtores de conteúdo trabalham na formatação desses projectos por vários anos.

Actualmente, não percebemos investimentos das emissoras de sinal aberto em programas infantis. Porque será?
 
Adaptado de: rua
 
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